Autoconhecimento e planejamento andam lado a lado.
E o porquê você talvez não consiga planejar seu livro. Ainda.
Oi, more! Como vai?
Estou surpreendemente melhor e pronta para contar mais dos últimos meses.
Já falei aqui das coisas que eu tava enfrentando desde que o ano começou, mas não sei se ficou claro como eu estava reagindo a tudo isso, que foi olhando pra dentro.
De fato, desde que recebi meus diagnósticos, ando me redescobrindo como pessoa, aprendendo o que eu gosto de verdade, o que não gosto, quem eu sou e quero ser.
E por isso eu queria falar de autoconhecimento e como isso se relaciona com a escrita, em especial, um pedaço dela, que é o planejamento.
A minha história com o planejamento
Quando eu comecei a escrever, não levava a escrita a sério e por isso, sempre fui do tipo que escrevia e via no que ia dar. Isso sem um roteiro base ou constância e consequentemente, sem terminar um projeto sequer.
Foi só em 2020, quando iniciei a pós-graduação em Escrita Criativa no Nespe, que eu comecei a entender que existiam maneiras de planejar um texto antes de colocá-lo no papel e as vantagens disso.
Encantade, a partir daí eu resolvi fazer um planejamento.
Só que ele não me ajudava em nada. Afinal, eu escrevia sempre o que dava na telha e não o que estava proposto na minha escaleta.
Durante muito tempo, pensei ser uma autora jardineira, — sabe, aquelu escritore que deixa a imaginação fluir e ver no que dá, as ideias se desenvolvendo como uma planta, conforme a escrita acontece— mas não sou.
Hoje em dia, sei como eu gosto de planejar, como isso me ajuda a desenvolver um hábito de escrita e a manter a coesão na minha história. Inclusive, considero as obras que construí com planejamento melhores que as outras.
Mas isso só aconteceu porque eu passei de uma pessoa que só anotava o enredo em detalhes e fatos avulsos sobre personagens para alguém que compreende o que exatamente é necessário ter de antemão e o que vai me atrapalhar.
E arrisco dizer que a maioria das pessoas autoras são como eu era. Dizem serem jardineiras porque estão perdidas em como planejar.
Será que esse é o seu caso?
“E se eu não quiser planejar?”
Planejar ajuda a colocar os pensamentos em ordem.
Como leitora crítica e mentora literária, eu percebo que a maioria dês autories que não planejam seus livros apresentam problemas estruturais graves.
Creio que isso aconteça porque conforme a pessoa vai escrevendo, ela vai esquecendo também um pouco do que ela já fez, e aí, surgem incoerências.
É claro que elas podem ser resolvidas numa autoedição ou mesmo, quando passadas para outros profissionais do texto, como editories e leitories critiques, mas o fato é que o planejamento acaba poupando esse trabalho.
Estou dizendo que o planejamento vai revolucionar sua vida? Não!
Mas acho que vale a pena testar.
Não vai ser fácil, nem rápido
Pois, é, essa é a má notícia.
Mas se formos pensar, tudo na vida é um processo com altos e baixos. Não há por que ter pressa para encontrar o melhor modo de escrever. Inclusive, não acredito que isso exista.
A verdade é que o funciona para um, não necessariamente funcionará para você porque você é uma pessoa única e… tudo bem.
Certamente, estudar escrita criativa para olhar criticamente para sua história e “copiar” o que outras pessoas fazem são opções que podem ajudar a encontrar seu planejamento ideal.
Mas no final das contas, ele vai ser só seu.
Ou seja, se conhecer é a chave para entender como é seu modo de criar. E só se conhece prestando atenção em si mesme, ficando introspective, discutindo com colegas, vivendo.
“Como saber se eu estou no caminho certo?”
Como estamos falando de uma coisa muito pessoal, vai depender de cada ume.
No meu caso, com o tempo eu percebi que seguir o meu método (aquele que descobri depois muito tempo) fazia com que minha escrita ficasse mais coesa sem atrapalhar minha criatividade na hora de escrever.
Eu prefiro ter de antemão o básico e ir trabalhando a partir disso, caso contrário, minha escrita não flui.
E é isso que você tem que perceber. Onde o planejamento está te ajudando e onde ele está te atrapalhando? Vale a pena insistir nele ou é melhor testar outra forma?
Ah, e é claro, ouça feedbacks das pessoas.
Se de um livro para outro, o relatório de leitura crítica apresentou mais colocações, melhor ficar atente. Se você usou um método específico para um livro e ouviu de leitories que sua escrita evoluiu muito, então ótimo. E por aí vai…
Além disso, estudar escrita criativa vai te ajudar a ter noção do que você está fazendo, então isso é algo que sempre será válido.
Se você entende profundamente o que está escrevendo, é bem provável que as coisas estejam bem encaminhadas.
Mas atenção: não transforme esse processo em ansiedade.
O importante é não se dobrar para o perfeccionismo, se permitir errar e aproveitar as alternativas disponíveis.
Exercício colorido
Você consegue explicar seu livro em uma frase? Resumir sua história é uma boa maneira para entender se você conhece o básico dela. Então o desafio hoje é esse.
Se quiser, você pode usar essa frase como base para guiar sua escrita, só tenha certeza que ela contém: protagonista, ambientação e conflito.
Será que você consegue?
Se você gostou…
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Nos vemos de novo sem ser esse domingo, o outro!
Adorei as dicas!