Como não abusar dos nossos poderes de "Deus"?
Ou como chamar atenção de leitories cada vez mais desatentes.
Oi, more! Como você tá?
Eu estou muito feliz com a recepção das newsletters, por isso hoje eu trouxe uma sugestão de uma pessoa que acompanha o escrita colorida. Mais especificamente a ideia é a seguinte:
"Como não abusar dos nossos poderes de "deus" hahaha tipo, o personagem precisa de uma pedra mágica rara nunca vista aí ele vira a esquina e acha ela, tava escrevendo aqui e percebi que eu arranjei uma solução do nada pra uma inconsistência na história (…)”
Existem várias maneiras de responder essa pergunta e eu poderia ir por vários caminhos, citando técnicas específicas e dicas mais práticas…
Porém, eu também enxergo nessa pergunta uma boa oportunidade para falar sobre a importância de chamar atenção dê leitore moderne. Porque, acredite, hoje em dia, qualquer coisinha pode quebrar a imersão do seu livro.
Então vamos lá:
Ler é intrinsicamente "difícil"
Nós não fomos feites para ler. A leitura é uma habilidade adquirida e não inata ao ser humano.
Isso é ciência. Nós literalmente tivemos que criar novas redes e conexões cerebrais para aprender a ler.
Não só isso, como cada processo é único, então coisas banais como a língua ou a mídia, muda a maneira que nós lemos.
Ou seja, a forma curta e fragmentada como as pessoas leem hoje em dia em emails, tweets, mensagens, etc realmente interfere na leitura das pessoas.
Isso significa que ê leitore atual está muito mais desatento.
E vira nosso dever como autories tentar cativá-le, de modo que um errinho bobo como “abusar do poder de Deus” pode levar alguém a abandonar um livro.
Mas calma, não é meu objetivo alarmar ninguém. Na verdade, só quero mostrar a importância de estarmos atentes ao que escrevemos.
O enredo em foco
Você já deve ter ouvido falar várias vezes sobre este termo, afinal, é um dos elementos mais famosos da narrativa, a última letra do P.E.N.T.E (personagem, espaço, narrador, tema, enredo).
Mas o que exatamente é o enredo?
Então, ele é uma estrutura formada por vários pontos. Cada um, representando os episódios da história, de forma que esses episódios não podem ser retirados ou incluídos sem que a estrutura sofra.
Ou seja, não basta inventar diversas ações para sua história se ela não se conecta com as outras, se não faz diferença para o todo e se não parecer ter conexão com o personagem central da sua história.
Um bom enredo, aquele que quem lê vai aceitar tudo que acontece e em que sua “voz autoral” fica camuflada, é um enredo que possui coesão.
Isso significa que:
Cada episodio é fundamental;
Todos os episódios devem estar conectados;
O conjunto das ações parece decorrer da presença do personagem central.
A cola é o conflito
Na estrutura clássica, a maneira mais eficiente de conectar os episódios da sua história é tendo um conflito central.
Sem isso, a narrativa vai parecer sem rumo e os acontecimentos dela desconexos.
E acontecimentos desconexos não prendem ê leitore.
Mas o que é conflito, exatamente?
Uma boa forma de entendê-lo é pensar que ele é formado pelo objetivo do protagonista e obstáculos a esse objetivo.
Então, voltando para o exemplo dado acima, se o objetivo do protagonista é encontrar uma pedra mágica, a tensão entre o que ele precisar dela e os obstáculos que o impedem a consegui-la é o que causa o conflito.
Portanto, se um episódio colocado na história não leva o protagonista mais perto do objetivo ou o distancia dele, é bem possível que não seja um episódio fundamental.
Digo é “bem possível'‘ porque pode se tratar de um episódio ligado a um conflito secundário, dependendo da história.
De qualquer jeito, o conflito é a cola. É a partir dele que se cria uma sequência de causa e consequência entre episódios e pode-se enxergar a qualidade de cada um.
Um bom enredo não ignora personagem
Na verdade, sem ume personagem consistente, o que foi descrito na citação acima, pode muito bem acontecer.
Isso porque o enredo decorre dê personagem.
Em outras palavras, ê personagem é revelade quando você coloca elu para fazer escolhas. E isso é o que encanta ês leitories.
São as qualidades, defeitos, motivações, objetivos, fantasmas e até aparência, que vão dar humanidade para ê personagem.
Mas também, é essa humanidade que dá sentido ao enredo.
Pensando assim, se você precisou pensar em uma solução mágica em cima da hora para solucionar um problema da trama, talvez você precise não só rever seu enredo, mas seu personagem central.
Mesmo que o próprio Aristóteles tenha argumentado que o mais importante em uma narrativa é o enredo, ter ume personagem consistente hoje em dia é ouro.
Afinal de contas, não basta ter a conexão entre episódios apenas, temos que conseguir criar uma conexão entre o objeto livro e quem o está consumindo.
E para isso não se pode ignorar ê personagem.
Ou seja, é uma mistura
Seu "poder de Deus” pode ficar muito marcado porque você não conseguiu construir uma cadeia de episódios unidas através de um conflito.
Mas também pode ser que seu personagem não seja consistente o suficiente, que as escolhas delu não estejam justificadas por quem elu é.
Eu não posso dizer com precisão o que aconteceu no caso do exemplo, porque isso depende da leitura e análise do texto (que eu faço só nas leituras críticas).
Mas, se você identificar um problema nesse sentido, é necessário dar atenção ao enredo e ao seu protagonista.
Alinhar todos os elementos narrativos é o que faz a história parecer natural para quem lê, aumentando a imersão.
E é isso que devemos almejar sempre.
Exercício colorido:
A partir do que foi dito nessa edição sobre como criar um conflito, estabeleça:
O objetivo dê sue protagonista
Os obstáculos que elu vai passar
Agora responda:
Qual é o conflito da sua história?
Se você gostou…
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Fantástico! vc se superou.