Escrever mais para escrever melhor, mas como?
Alguns hábitos que ajudaram uma autora de ficção neurodivergente (eu) e podem te ajudar também.
Oi, more!
Como eu disse em emails recentes, eu recebi um diagnóstico neuropsicológico no começo do ano, porém, sempre convivi com todas as dificuldades que tenho hoje.
Isso fez com que eu procurasse e desenvolvesse meios das coisas ficarem mais fáceis para mim, principalmente considerando que não estava tendo o acompanhamento profissional adequado.
Então hoje vou dividir um pouco com você dos hábitos que fui aderindo para melhorar minha rotina de escrita e me tornar uma pessoa mais produtiva quando o assunto é escrever.
Vamos lá!
1. Planeje seu livro em cenas
Considero a constância um dos elementos principais para se escrever em quantidade e pra mim, isso só é possível porque eu planejo minhas cenas antes de escrever.
Não é nada mirabolante o que eu faço.
Na verdade eu simplesmente separo um documento (no meu caso é no Notion, mas pode ser no Docs, Word, em uma planilha, um caderno… enfim, o que funcionar) separo as seguintes coisas:
Cenas
Data/Período do dia
Local
Ponto de vista
Frase que resume o que vai acontecer de modo que tenha uma lógica de causa e consequência com a frase de cima e com a de baixo
E voilà, tem-se uma escaleta.
Posso explicar porque cada um desses pontos é importante para a história em outra publicação, mas saber o básico do que a cena que vou escrever me ajuda muito a não travar e ficar encarando a tela em branco.
Isso tira a necessidade de ter que estar inspirada para sentar e escrever.
Em vez disso, as coisas fluem todos os dias que eu me proponho a escrever e eu posso me preocupar só com como vou contar a história.
2. Tire o peso do primeiro rascunho
Essa é uma dica mais difícil de absorver, mas ela é muito, muito valiosa: o seu primeiro rascunho não precisa ser perfeito.
Ele provavelmente não vai ser e, na verdade, isso é ótimo.
Significa que você pode explorar sua criatividade e brincar com as palavras do jeito que quiser, porque é para isso que o primeiro rascunho serve.
Eu sei que é muito difícil largar mão do perfeccionismo, mas quando a gente percebe em quanto ele atrapalha, nossa história avança como nunca.
Se tiver ficado ruim, você sempre pode rever o que escreveu e lapidar até ficar da maneira adequada, mas sem um texto base, não dá para ter um texto bom.
3. Tenha metas alcançáveis
Metas são um jeito muito eficaz de criar disposição em nós mesmes. De certa forma, elas nos dão um norte a se seguir e isso é maravilhoso.
Porém, é preciso ser realista com as nossas metas, caso contrário elas podem acabar nos desmotivando.
Por isso eu sou adepta das metas alcançáveis e você também deveria.
Para adotá-las é muito simples: se você sabe que não consegue escrever 1000 palavras no tempo que você tem disponível para escrever, por que você vai colocar 1000 como sua meta de palavras?
Esse caso se aplica a mim. Eu não sou o tipo de pessoa que escreve tanto assim, então, uma quantidade que pode ser desafiadora e também confortável seria 650 palavras.
Eu posso muito bem escrever 1000 um dia, e quando isso acontecer acharei o máximo.
Mas, se eu me manter entre 650-700 todos os dias, estarei satisfeite, porque estou dentro da minha meta.
E essa é só uma das metas de planejamento que existem por aí.
Se você, assim como eu, é neurodivergente e tem interesse em encontrar um planejamento que funcione melhor contigo, eu recomendo dar uma olhada no Planejamento Circular (ele tem me ajudado bastante).
4. Faça sprints de escrita
Sprint é uma sessão de escrita com tempo limitado.
Eu geralmente faço de 45 minutos, mas você pode aumentar ou diminuir dependendo do quão difícil está sendo focar no dia.
O objetivo é escrever o máximo possível sem parar para editar ou revisar, coisa que ajuda a combater o perfeccionismo.
O legal é fazer isso com outras pessoas em uma chamada de áudio, porque assim você não está trabalhando sozinhe (coisa que faz uma bela diferença pra disfunção executiva) e pode bater papo no intervalo.
Isso faz o processo da escrita ser mais tolerável nos dias difíceis e mais gostoso nos dias fáceis.
Eu gosto inclusive de fazer sprints com minhes leitories e acho que de certa forma, dá a quem me acompanha uma proximidade com o projeto.
No mais, acho importante ressaltar que os sprints não precisam te ajudar apenas com a escrita. Usar sprint para trabalhar em outras coisas também pode te dar um belo empurrão para concluí-las.
5. Adote um sistema de recompensa
É isso mesmo, eu to falando para se premiar quando você atingir marcos grandes da sua escrita.
Ano passado eu participei do falecido Camp Nanowrimo em Julho e o sistema deles de distintivos me motivou demais.
Chega a ser até cômico que eu escrevia todo dia para ganhar distintivos virtuais dizendo que eu tava escrevendo a 7 dias, depois 15, depois 20, etc.
Mas foi exatamente isso que aconteceu.
Eu sentava para escrever ao menos uma palavra, só para ganhar um distintivo que nem físico é…
E o pior é que funcionou.
Eu terminei o meu livro nesse desafio justamente porque eu mantive a constância.
Então se presenteia com aquele chocolatinho, ou café superfaturado, saída com uma pessoa que você gosta, o que for e faça isso a todo grande marco desse processo.
Se quiser, planeje o sistema de recompensas. Você pode até aumentar o presentinho quanto mais perto você estiver chegando do objetivo.
Parece bobagem, mas é uma bobagem que funciona.
Exercício colorido
Hoje o desafio é simples. Quero que você tire um tempinho para fazer um sprint. Pode ser sozinhe ou com companhia. O importante é marcar um tempo (eu proponho 45 minutos) e escrever tentando ao máximo não voltar no texto para editar e revisar. Acha que consegue?
Se você gostou…
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amei as dicas!!
Adorei a ideia de premiar com chocolatinhos!!