Oi, mores!
Voltei um pouco mais animadinha, especialmente porque essa newsletter é em homenagem ao DIA (Dia Internacional da Assexualidade), comemorado dia 06/01, exatamente no dia do envio dela!
E acho que essa celebração é uma boa oportunidade para discutir representatividade LGBTQIAP+. Pois é, como uma newsletter para escritories e para o povo animado alguma hora eu ia falar disso…
Mas o assunto representatividade é muito abrangente, então eu vou me ater a um tema muito específico da escrita criativa: a humanização de personagens.
A sexualidade, romanticidade, gênero e s3xo du personagem não é ê personagem
Caracterização é a soma de todas as qualidades observáveis de um ser humano, tudo o que pode ser descoberto através de um escrutínio cuidadoso: idade e QI; sexo e sexualidade; escolhas de casa, carro e vestido; educação e trabalho; personalidade e nervosismo; valores e atitudes — todos os aspectos da humanidade que podem ser conhecidos quando tomamos notas sobre alguém todo dia. A totalidade desses traços faz uma pessoa única porque cada um de nós é uma combinação única de genes recebidos e experiência acumulada. Esse amontoado singular de traços é a caracterização, mas não a personagem.
A frase acima é um fragmento do livro Story de Robert Mckee.
Por ela, podemos entender que essas características que damos para ume personagem tem um nome, a caracterização e elu é composte por elas e mais coisas.
Em outras palavras, ser LGBTQIAP+ não pode resumir ume personagem. Seres humanos são complexos e para retratar com humanização, é preciso pensar um pouco mais a fundo.
Trazendo um exemplo clássico, temos o Hamlet. A peça de Shakespeare estabelece bem como ele é um cara sarcástico, indeciso, depressivo, melancólico e inteligente. Isso é caracterização.
Porém, ele não é só isso. Ele tem um objetivo claro: vingar seu pai, o rei da Dinamarca, que acabou de ser assassinado. Ele tem uma motivação que pode ser resumida: ser o responsável por transformar o mundo. Ele tem contradições: juventude e inocência. E por aí vai…
Percebe como isso trás dimensão para Hamlet?
Agora imagine um romance hot com uma protagonista hétero com uma amiga assexual. Essa amiga só aparece para revirar os olhos quando a outra conta sobre suas escapadas com o mocinho…
Percebe como não há dimensão?
Nesse caso a personagem não é reduzida à sua sexualidade, mas à uma característica de sua sexualidade.
Ela não vai se sustentar desse jeito. Nenhum personagem vai.
“Ah, mas você falou que ela é secundária”.
Mesmo essus personagens precisam de cuidado, especialmente se forem uma minoria.
Infelizmente LGBTQIAP+ são e muito, desumanizados
Eu não sei o que acontece, mas parece que algumas pessoas autoras CHAP (cis, hétero, allo e perisexo) caem muito nesse problema da desumanização de personagens LGBTQIAP+.
Isso é um problema com personagens assexuais, voltando ao exemplo do dia.
E sim, personagens assexuais existem, apesar de ser algo raro.
E por sua raridade, consumidores dessas histórias podem se apegar a estereótipos que poderiam ser evitados com uma boa construção de personagem.
Coisa que se aplica a qualquer letra da sigla.
Por isso, temos que estar atentes as representações que se tornam populares, sejam elas boas ou ruins. Temos que estar atentes as nossas próprias representações.
Elas moldam o que outres acreditam sobre pessoas reais. E isso pode ser perigoso.
Estereótipos e como evitá-los
Lembra o que eu falei na newsletter anterior sobre mensagem?
Pois é. Tudo em uma história vai acabar comunicando alguma coisa.
É assim que nasce o estereótipo.
Resumidamente, estereótipo é quando ê autore, a partir de uma característica, associa ume personagem a várias características negativas, muitas vezes preconceituosas.
Por isso é importante:
Presar por criar um personagem multidimensional e humano;
Pesquisar estereótipos da representatividade em questão.
Sim. Se você vai escrever um personagem em uma realidade fora da sua, você não vai ter a vivência ao seu favor e pode acabar esbarrando em problemáticas sem nem perceber.
Pesquise e procure auxílio de pessoas especializadas nessa representação. É seu papel como escritore não espalhar desinformação sobre uma experiência que já é marginalizada.
Quando sue personagem representa pessoas que são desumanizadas todos os dias, a responsabilidade é dobrada.
Exercício de casa colorido
Vamos escrever hoje? Quero que você pegue ume personagem (não precisa ser LGBTQIAP+, mas seria um bônus), introduza elu em uma situação cotidiana e escreva uma cena de como seria sue comportamento.
O desafio é introduzir elu em uma realidade mais distante à essa característica, então, por exemplo, se sue personagem é assexual, insirir elu numa academia cumpriria o papel do exercício, já que malhar não tem nada a ver com sexualidade.
Se sue personagem tiver uma boa base, você não terá problemas, mas se seu personagem estiver unidimensional, talvez escrever te force a pensar mais nelu.
Se você gostou…
Indique essa newsletter para escritories LGBTQIAP+ ou aliades que queiram desenvolver a própria escrita. Estou quase chegando na meta de 50 inscritos, então ao apresentar o Escrita Colorida para alguém, além de ajudar essa pessoa, você também me ajuda a bater essa meta!
Para quem usa o app do Substack, deixa um comentário. Me diz, você tem um personagem LGBTQIAP+? Acha que elu tá bem redondinhe?
É isso. Nos vemos de novo sem ser esse domingo, o outro!